Num contexto de aumento da prevalência da diabetes em África, complicada por múltiplos factores, incluindo a urbanização, a má alimentação e e a inactividade física, o tema do Dia Mundial da Diabetes 2024 sublinha adequadamente o imperativo de uma abordagem colaborativa a este “assassino silencioso”.
O Dia Mundial da Diabetes é assinalado anualmente pela comunidade internacional a 14 de Novembro, com o tema deste ano, “Quebrar as barreiras, colmatar as lacunas”, sublinhando o empenho da Organização Mundial de Saúde (OMS) em reduzir o risco e garantir que todas as pessoas diagnosticadas com diabetes tenham acesso a tratamento e cuidados equitativos, abrangentes, acessíveis e de qualidade.
A diabetes é uma doença crónica ao longo da vida que leva a pessoa afectada a ter níveis descontrolados de açúcar no sangue porque o seu corpo já não consegue produzir ou utilizar eficazmente a insulina que produz.
Só na Região Africana da OMS, mais de 24 milhões de adultos vivem actualmente com diabetes, metade dos quais ainda não foram diagnosticados. Se não for tratada, a diabetes pode levar a complicações como doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais, lesões nervosas, insuficiência renal, amputação de membros inferiores e doenças oculares que podem resultar em cegueira.
Sem intervenções urgentes, prevê-se que o número de pessoas que vivem com diabetes na Região Africana aumente para 54 milhões até 2045,[1],[2] o maior aumento projectado a nível mundial. Esta situação representa um fardo duplo significativo para a saúde e para a economia, além de gerar despesas catastróficas dos indivíduos para controlar a sua doença.
A situação é agravada pelo facto de África ter a mais baixa taxa de investimento em cuidados com a diabetes a nível mundial, com apenas 1% das despesas de saúde da Região. Os sistemas de saúde também são tradicionalmente concebidos para lidarem com doenças agudas e infecciosas, sem prestar atenção suficiente a doenças crónicas como a diabetes.
A gestão da diabetes exige um esforço sustentado para equilibrar a actividade física, a alimentação saudável e o bem-estar mental. Neste sentido, a OMS na Região Africana está empenhada em soluções holísticas, incluindo uma nutrição adequada, acesso aos medicamentos essenciais necessários e apoio à saúde mental. Igualmente cruciais são as estratégias de prevenção abrangentes para abordar os factores de risco, incluindo a obesidade, a má alimentação e a actividade física, combinadas com o envolvimento da comunidade para garantir bons sistemas de apoio e reduzir o estigma.
Num importante passo em frente durante a septuagésima quarta sessão do Comité Regional da OMS para a África que se realizou no mês de Agosto deste ano, os Estados-Membros africanos aprovaram o Quadro de Implementação do Pacto Mundial contra a Diabetes na Região Africana da OMS. Trata-se de um quadro centrado especificamente no desafio de integrar os cuidados da diabetes em sistemas de saúde mais amplos numa abordagem multi-setorial e que fornece um roteiro para os países reforçarem a prevenção, o diagnóstico e os cuidados da diabetes, especialmente ao nível dos cuidados de saúde primários.
No Dia Mundial da Diabetes, hoje, exorto os indivíduos, as comunidades, os governos, os profissionais de saúde, os decisores políticos e as organizações da sociedade civil a se unirem e a agirem agora. Para os indivíduos, dê prioridade a um estilo de vida saudável e, se já vive com diabetes, faça controlos médicos regulares.
No que que se refere às comunidades, tratar-se-á de poder desempenhar o seu papel criando ambientes de apoio que promovam uma vida saudável, reduzindo o estigma e proporcionando acesso a cuidados e educação sobre a diabetes a preços acessíveis. Para os governos, comprometemo-nos a apoiar plenamente os seus esforços para implementar políticas que melhorem o acesso a medicamentos essenciais, reforcem os sistemas de cuidados de saúde primários e coloquem em primeiro plano o investimento na prevenção e nos cuidados da diabetes.
O reforço do controlo da diabetes na Região Africana exige que abordemos as principais lacunas, incluindo mitos e ideias erradas sobre a diabetes, sistemas de cuidados de saúde primários frágeis e capacidade e formação insuficientes dos profissionais de saúde.
Juntos, vamos todos empenhar-nos em derrubar as barreiras e colmatar as lacunas, através da sensibilização, da divulgação de conhecimentos e da criação de mudanças duradouras para todas as pessoas afectadas pela diabetes em África.