Qual foi a sua leitura do comunicado do Copom?

Kanczuk: Diria que não alterou minha percepção de o que vai ser o futuro. Tem duas coisas que estão rolando que são indicadoras de que os juros podem cair mais rápido.

Kanczuk: Uma delas é que a expectativa de inflação para 2023 e 2024 está mais baixa. Não entendo direito por qual motivo está mais baixa. Os analistas dizem que é pelo fato de que os impostos estão caindo e, quando você derruba a inflação corrente, você também derruba a inflação futura.

Eu tenho de falar que a teoria econômica diz que isso não é verdade, porque, quando você reduz o imposto, você reduz a inflação corrente e eleva a inflação futura. Você puxa um problema presente para um problema futuro, mas o fato é que o Focus está derrubando essa inflação futura. Então, tem menos projeção de inflação futura.

E qual é o segundo ponto?

Kanczuk: Estou vendo a atividade um pouquinho mais fraca. Esperava que estaria mais forte por conta dos estímulos fiscais. Se está um pouquinho mais fraca, imagino que é porque a política monetária está começando a ter um efeito sobre a atividade econômica. Se isso é verdade, a gente veria a atividade do quarto trimestre sensivelmente mais fraca, o que possibilitaria a queda de juros pelo Banco Central, talvez já no fim do primeiro trimestre, em março, maio.

Como fica a projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) — a soma de todos os bens e serviços produzidos?

Kanczuk: Neste ano o crescimento do PIB pode ser algo em torno de 2,7% e, no ano que vem, levemente negativo. Nesse cenário, o juro fecha 2023 em torno de 9%.

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