A História
Nos anos 70, o cooperativismo catarinense já existia, mas com a tecnologia e gestão da época. Não tínhamos o Sescoop, nem a preparação e formação profissional dos dirigentes e funcionários. Era realizada precariamente, através de órgãos do governo. Na época, o INCRA Federal; a Secretaria da Agricultura do Estado – por meio da COPA-Coordenação de Organização da Produção de Abastecimento; e pela EPAGRI, que mantinha uma Diretoria Estadual de Cooperativismo.
Nos idos de 1973, a globalização dos mercados era desconhecida ou inexistente. O sistema de comunicação era precaríssimo, e as informações do comportamento do mercado agropecuário eram obsoletas se comparamos com os dias atuais. Em SC apenas a cidade de Blumenau dispunha de DDD-Discagem Direta à Distância. Nem a capital do estado dispunha desse serviço de comunicação.
As cooperativas agropecuárias atuavam individualmente. Embora tendo os mesmos objetivos nas atividades dos agricultores; grandes, médias e pequenas cooperativas, entregavam resultados diferentes aos seus associados. Pois os negócios não tinham padrão de qualidade, nem de preços dos produtos.
Cooperativas vizinhas, e às vezes atuando na mesma área, se digladiavam no mercado. Concorrendo entre si, o que acabava criando problemas ao apresentar os resultados da comercialização. Especialmente de soja, cuja produção na época era pequena e ofereciam poucos resultados econômicos aos seus cooperados.
Nos anos de 1973/1974, as exportações de soja eram controladas pelo Governo Federal. Para se exportar era preciso ter cotas, que eram liberadas pela então CACEX, uma Diretoria de Comércio Exterior do Banco do Brasil, que ficava no RJ. Essa exigência fazia com que quem quisesse exportar fosse ao RJ reivindicar quotas. Nossas cooperativas, com volumes pequenos na época, e com intenção de buscar o mercado internacional, sofriam por falta de uma coordenação estadual.
No Meio Oeste, em Videira, existia uma cooperativa central – CEMOESC que fora constituída para fazer captação de incentivos fiscais. Proporcionados pelo Governo do Estado para a construção de armazéns, cuja exigência era que fosse por uma Central. Aquela passou a reunir as cooperativas da região, para buscar as cotas de exportação e também negociar em conjunto no mercado para aquelas cooperativas: Coopervil, de Videira; Coperio, de Joaçaba; Coopecaçador, de Caçador; Copercampos, de Campos Novos; Cooperzal, de Capinzal; Copérdia, de Concórdia; Coopernúcleo, de Curitibanos e Coopernorte, de Mafra.
No Oeste Catarinense, lideradas pela Cooperalfa, outro grupo de cooperativas da região que necessitassem de quotas para exportação em coordenadas informalmente pelo então presidente Aury Luiz Bodanese. Assim, em diversas ocasiões, os dois grupos se encontravam no RJ para pedir quotas. Em determinado momento a própria CACEX recomendou que SC se unisse e fizessem um único pleito, a exemplo do que já acontecia com as cooperativas gaúchas, através da Fecotrigo, hoje Fecoagro-RS, e no Paraná através da COOCAP, lideradas pela OCEPAR.
Foi assim que surgiu em SC a primeira ideia para a união das cooperativas agropecuárias. Após uma rápida passagem de coordenação informal via Ocesc – onde foi formado o Birô de Informações de Mercado, em reunião realizada no Cetrevi de Videira – entre cooperativas do Meio Oeste e do Oeste Catarinense, foi decidida a criação de uma federação estadual de cooperativas agropecuárias. Não apenas para buscar quotas de exportação, mas também fazer negócios em conjunto e exportar a soja que, na essa altura, já ganhava corpo em volume em SC.
Um grupo técnico constituído pelas cooperativas foi formado. Ivan Ramos da Coopernorte e CEMOESC; Oscar Zilio da Coperio; Moises Pollak da Cooperalfa; e Wanderley Reis da Coopercentral Oeste foram visitar outras entidades similares no RS e no PR, (FECOTRIGO e COOCAP), para conhecer o funcionamento daquelas, e depois propor uma minuta de estatuto social, e foi decidido oficialmente de formar uma federação.
Em 25 de julho de 1975, no auditório do Palácio SC em Florianópolis, foi realizada a Assembleia Geral de fundação da federação. Na qual quinze cooperativas assinaram a ata de fundação da FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA LTDA. – FECOAGRO. Elegendo, na ocasião, como primeiro presidente o Aury Luiz Bodanese (então presidente da Cooperalfa de Chapecó); como vice-presidente, Waldomiro Antônio Panis (presidente da Cooperzal de Capinzal) e Athos de Almeida Lopes (presidente da Copercampos de Campos Novos), como secretário.
O conselho de administração ficou assim constituído: Arlindo Cantarelli (Coopersãomiguel de São Miguel do Oeste); Walter Schuttel (Coopermondaí); Helvino Heriberto Hoppe (Cooperpal de Palmitos); Osmar Erhadt (Cravil de Rio do Sul); Bruno Spies (Cooperativa de Itapiranga); e Guido Nehuls (Cooperal de Abelardo Luz). Para o conselho fiscal foram eleitos: Silvestre Antonio Fantin (Coopervil de Videira); Arcangelo Miguel Zambiazzi (Coperio de Joaçaba); Jayme Schultz (Coopernorte de Mafra); Ricieri Martello (Copérdia de Concórdia), Osmar Jacob Massing (Cooapesc, de São Carlos) e Oribes Dal Bem (Cooperal de Abelardo Luz).
Na mesma assembleia que elegeu os primeiros dirigentes, também houve uma votação para a escolha da sigla da Federação. Havia duas propostas. A primeira era FECOAGRO, e outra FECOESC. Por 9 votos a 6, venceu a FECOAGRO.
Nos últimos 20 anos, a FECOAGRO tem atuado na coordenação operacional dos programas de incentivos do Governo do Estado aos produtores rurais. Administrando a execução dos programas Terra Boa – o Troca-Troca, que estimula o plantio de milho e pastagem – além de apoio à apicultura.
É a Fecoagro que realiza as aquisições das sementes de milho e calcário, além dos insumos para pastagem, operando todos os controles para distribuição dos subsídios oferecidos pelo Governo do Estado, a fim de diminuir os custos de produção aos agricultores. Para tanto existe uma normatização dos programas onde a Fecoagro participa ativamente no estabelecimento das normas e na cobrança dos cumprimentos e prestação de contas junto ao Governo do Estado.
O programa Terra Boa, que na sua implantação no Governo de Esperidião Amin, manteve-se atualizado e informatizado nos governos seguintes. Atualmente está consolidado dentro da Secretaria da Agricultura e na Fecoagro para atendimento aos pequenos agricultores de SC. Em 2020 o programa Terra Boa atendeu 72 mil agricultores com subsídios de R$ 52,9 milhões nos programas de calcário, sementes de milho, kit de insumos forrageiros e kit apicultura.
Para 2021 estão orçados recursos na ordem de 56,6 milhões. Em 2020 foi ampliada a participação da FECOAGRO no Terra Boa, participando no repasse de recursos nos custos do seguro das lavouras de grãos de inverno e na divulgação nas mídias sobre os cuidados que os catarinenses e visitantes têm no ingresso de produtos agropecuários de outros estados e países.
A FECOAGRO continua presente nos trabalhos de difusão do cooperativismo e do agronegócio até hoje. Além da representação institucional do cooperativismo agropecuário em diversas esferas de governos, políticas e de entidades de classe, A FECOAGRO tem mantido e ampliado anualmente seus projetos na área de comunicação.
Mantém há 46 anos dois programas de rádio em 70 emissoras de SC. O Agronegócio Hoje, diariamente com notícias e informações de interesse do agronegócio, e o Informativo Agropecuário, semanal, mais amplo e com análises dos fatos do cooperativismo da semana. Também produz dois programas de TV, com cobertura estadual e nacional.
No Canal Rural, sintonizado na TV por assinatura nas parabólicas e nos canais locais. SBT e Record News em TV aberta, para atingir não apenas o meio rural, mas também os formadores de opinião nos meio urbanos. O Resenha do Cooperativismo e do Agronegócio, e o Cooperativismo em Noticias, também estão consolidados em audiência e permanecem no ar por mais de 10 anos.
A Fecoagro também mantém a TV COOP pela web, exclusiva da FECOAGRO, veiculando, 24 horas por dia, programas, matérias e vídeos de interesse dos agricultores e dos cooperados de outros ramos do cooperativismo. O programa de comunicação da FECOAGRO já foi premiado por duas vezes pela OCB-Organização das Cooperativas Brasileiras.
Alinhada ao mundo cada vez mais digital, a FECOAGRO disponibiliza conteúdo online através da sua newsletter diária e os episódios dos programas pelo YouTube. Também está presente nas principais redes sociais: Facebook , Instagram e LinkedIn. Recentemente foi criado o podcast Conexão Fecoagro (disponível nas plataformas de streaming de áudio como Spotify, Anchor e Google Podcasts), com entrevistas e bate papos sobre agronegócio e cooperativismo.
Além de difundir e conscientizar sobre o cooperativismo, o setor contribui para a difusão da prática da intercooperação, ou seja, relação e negócios entre as cooperativas do mesmo ramo e de ramos diferentes, como também na publicidade dos produtos da FECOAGRO e das cooperativas associadas.